Entrevista com Monica Rossetti, enóloga de sucesso no exterior

Bem meus caros wine lovers, hoje vamos publicar a entrevista feita com a queridíssima Monica Rossetti, enóloga natural de Bento Gonçalves mas que mora na Itália, onde continua atuando na área de enologia. Conheçam um pouco da vida dessa mulher que representa com orgulho nossa nação.

Olá Mônica, é um prazer poder falar com você! Bem antes de tudo gostaria de agradecer a sua atenção e a disponibilidade de poder responder nossa entrevista.

È uma satisfação para mim poder compartilhar um pouco da minha trajetória com vocês! Agradeço pela oportunidade. 

Nos conte um pouco como começou sua aventura no mundo do vinho. Começou na família? Ou foi algo que foi amadurecendo com o tempo e você decidiu estudar enologia?

Na verdade o meu foi um encontro de coração com o vinho! Visitei a escola de Enologia e decidi entrar neste mundo quando tinha 15 anos. Somos descentes de italianos e nasci na capital brasileira do vinho – Bento Gonçalves – mas a minha família não trabalhava no setor. A minha foi uma escolha seguindo o meu extinto, se transformou em paixão e também na minha profissão. Tive sorte de ter entendido a minha vocação muito cedo! 

Como é a realidade no mundo dos vinhos para as mulheres olhando do ponto de vista de quem trabalha como você? Já se sentiu discriminada por ser mulher?

Atualmente a presença feminina no mundo vitivinícolo é em crescente ascensão. Nos últimos anos muitas mulheres conquistaram espaço e desenvolvem ótimos resultados as suas funções. Quando comecei na área técnica, há quase 20 anos, o fato de ser uma enóloga responsável pela vinícola causava admiração por parte dos colegas, e honestamente um certo preconceito se manifestava em alguns comentários. Felizmente nunca sofri discriminação, tive a oportunidade de trabalhar com pessoas inteligentes que estimularam o meu crescimento. De qualquer forma, é realizador perceber que esta realidade evoluiu e cada vez mais as empresas analisam a competência, não o gênero. 

Nos conte um pouco sobre sua filosofia e modo de interpretar, para você o que significa produzir um vinho?

Produzir vinho seguindo a minha filosofia é engarrafar uma mensagem de vida que toca de alguma forma quem o degustar. Acredito que um vinho além da qualidade, precisa ter uma identidade clara de seu microclima e das pessoas que o criam. Mínima manipulação e máxima expressão do Terroir. O conhecimento e o trabalho aplicados na enologia devem proporcionar vinhos capazes de emocionar e comunicar a conexão com a natureza. 

Olhando a atual realidade climática mundial qual o principal desafio para não comprometer a qualidade dos vinhos? E comparando nos últimos 15 anos quais foram as principais mudanças que você notou na viticultura? 

Conhecer o próprio vinhedo e o seu ecossistema, tornou-se fundamental para assumir estratégias técnicas que ajudem as videiras a se adaptarem ao clima em evolução. Projetos de viticultura de precisão, por exemplo, são um modelo de trabalho que contribuem ao autoconhecimento da realidade vitícola e fornecem informações para uma gestão mais apropriada porque consideram a resposta imediata das videiras ao sistema geoclimático. Tratando-se de novos vinhedos, iniciou-se a investir em áreas anteriormente não consideradas, mas que hoje devido à mudança climática, passam a ter vocação vitícola. 

Nos últimos anos percebemos eventos climáticos de forte intensidade repetindo-se com maior freqüência, ou seja, a ocorrência de forte precipitação concentrada em poucas horas, temperaturas tórridas, granizo recorrente. Precisamos aprender a contornar estes fenômenos e preferir técnicas que contribuem com a sustentabilidade ambiental. A natureza é responsabilidade de todos. 

Você prefere vinho do velho ou do novo mundo? Qual é seu vinho preferido?

Eu prefiro o vinho que me comunique algo, independente da sua origem. Tendencialmente aprecio os vinhos elegantes e equilibrados e amo as borbulhas! 

Por que o Brasil ainda não conseguiu se destacar no panorama internacional do mundo do vinho?

O Brasil apresenta atualmente vinhos de qualidade e expressão. Nos anos está confirmando uma vocação para a produção de espumantes principalmente na serra gaúcha. Acredito que o principal limite ainda seja a dimensão e a heterogeneidade do setor. Para conquistar destaque na vitrine internacional é necessário ter representatividade e constância. Se o setor vitivinícola brasileiro continuar se desenvolvendo e amadurecer a capacidade de fazer em grupo, com certeza vai consolidar uma reputação internacional. 

O que você pensa dos grandes críticos do vinhos e a influência que eles têm no mercado internacional do vinho?

Estimo todos aqueles que promovem a cultura do vinho com respeito pelo trabalho altruísta, e com conhecimento de causa. A comunicação é essencial para aproximar diferentes contextos de produção a consumidores de todas as partes do globo. O importante é saber ‘filtrar’ as informações tendenciosas, mas felizmente o apreciador de vinhos está evoluindo e busca conteúdo de várias fontes para ampliar o seu conhecimento. 

O vinho que marcou um momento da sua vida?

Os vinhos que desenvolvi para a Copa do Mundo FIFA 2014 marcaram um importante momento profissional pois tive a oportunidade de comunicar o vinho brasileiro em várias plataformas no Brasil e no mundo. 

Gostaria de deixar um recado aquelas pessoas apaixonadas pelo mundo do vinho que sonham um atuar na área de enologia?

Sigam em frente! A Enologia é uma ciência fascinante e que nos conecta com o mundo. É um aprendizado para a vida quando vivida com humildade pois nos proporciona experiências em várias áreas. 

Agradeço mais uma vez pela sua atenção e espero encontrar você em qualquer evento do mundo de Baco. Um forte abraço.

Mônica : abraços

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